quarta-feira, 19 de outubro de 2011

O Circo e o Charuto.

A maior polêmica de todos os tempos das últimas semanas é uma que vem crescendo durante esse ano, diria eu, a níveis assimétricos: Rafinha Bastos e seu politicamente incorreto.

Sim! Quão desnecessárias são algumas de suas piadas não preciso nem frisar. Mas por que diabo se dá tanta atenção a um humorista que dizem ser ruim?

O linchamento dos “politicamente corretos”* sobre Rafinha é uma dádiva para seu humor. Parece-me não entenderem que ele quer mesmo é fazer polêmica. O tipo politicamente incorreto de comédia que ela prega, “o doa a quem doer”, “a arte do insulto”, “o custe o que custar” (que, aliás, é o nome de seu antigo programa, onde ele era exatamente responsável pelos comentários ácidos e por vezes desastrosos) é um ramo do Stand Up Comedy, comédia que ganha cada vez mais espaço em nosso solo.

Chego a pensar: e antes do bullying, como é quer era? Pois cresci acostumado a ouvir piadas preconceituosas contra vários tipos que, hoje, são consideradas vítimas. Mas era bem engraçado. Eu mesmo sempre fui apelidado de “gordim” (até hoje! Deve ser porque ainda sou... rsrs) e, sinceramente, soava como alguém me chamando: “Ei, Erich”.

Não quero de maneira alguma dizer que se sentir ofendido é besteira! Besteira é a justiça levar tão a sério piadas ridículas, a ponto de processar o cara por “incitação ao crime”. A censura mais eficaz parte do público. Simplesmente não riam, mudem de canal, convençam as pessoas de que Rafinha é o demônio do humor atual (como já tentaram me convencer muitas vezes...), mas, mover processo* contra um humorista por ter feito piada ruim! O que faz o sucesso do humorista é o público, e provavelmente o publico de Rafinha também não gostou de algumas de suas piadas. Eu mesmo gosto de seu humor, da irreverência da qual se valeu para responder as recentes polêmicas (procure no google) mas, não gosto de suas piadas toscas e desnecessárias, e nem por isso vou transformá-lo num vilão neonazista e fazer tempestade em copo d’água.

Seu não pedido de desculpas aos ofendidos com suas piadas mostra que ele quer mesmo é ver o circo pegar fogo. Quando vejo seus vídeos, shows ou piadas, não enxergo ali mais que um personagem (o que contraria  as “regras” do Standy Up). Basta observar seu desempenho em outro programa da Band, o excelente A Liga. Onde já vi algumas vezes ele tratar de assuntos abordados com “humor” em seus shows, mas que ali são tratados com uma seriedade jornalística plausível.

E o que é fazer piada? A meu ver, toda piada atinge alguém ou algo, é preconceituosa, distintiva... E faz rir! Umas mais, outras menos, verdade.

Ele é preconceituoso? É! Ele ofende? Ofende! O que será que está achando desse circo em chamas?

“Rafinha Bastos, só em setembro, teve mais de 200 mil novos seguidores no Twitter. Já são mais de 3,4 milhões.”







...
*será que posso chamar essa onda justiceira de modinha?
*não me refiro ao mais recente caso, o de Wanessa Camargo, pois ela tem todo o direito de se sentir agredida, como foi (com certo exagero da mídia e das pessoas), e de processar Rafinham, mas sim da juíza que queria processar o humorista por “incitação ao crime”! Minha filha, o Brasil tem problemas muito mais sérios para tratar! 

2 comentários:

  1. É filho, os tempos mudaram. Ninguém mais cai nessa que humoristas são pessoas acima da lei. Se o cara falou, mesmo em tom de piada, que aceite as consequências do que disse. Humor de stand-up é humor de opinião, sim.

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  2. Mas humoristas não são pessoas acima da lei! Só acho que há mais interesse público em outros assuntos.
    Mesmo que não fosse "humor de opinião" seria passivo de processo, personagem não é escudo. O que acho é que o maior poder de censura é o público que tem.

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